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22 de abr. de 2009

Tios e Tias

Zii e Zie - 2009


«Zii e Zie» é o nome do novo álbum de Caetano Veloso.
Em Abril, quando o Outono carioca já sopra na Avenida Atlântica e a Europa recebe as últimas chuvas frias, Caetano apresenta mais uma incongruência genial. Nada de novo. Apenas o sublime.
É. Caetano Veloso tem dificuldades em enganar-se. Melhor. Tem dificuldade em acertar. Tem extrema urgência no erro. Cumpre-o até ficar perfeito. Agarrando nas palavras de um tijucano célebre, Tim Maia, Caetano Veloso é uma espécie de «tudo é tudo e nada é nada». A filosofia Maia, tão descabida quanto eficaz, é apenas uma pequena parcela da vida de Caetano Veloso.
«Zii e Zie» comprova que o baiano de Santo Amaro não se define pela negação. Ou seja, ele “não é isto nem aquilo”. Ele é tudo. O sucessor de «Cê» é tão somente a exploração contínua do tropicalismo. O uso da memória dos Mutantes à luz de uns menininhos cariocas, amigos do seu filho Moreno Veloso. O movimento tropicalista, ou «uma revisão do ie-ie», como sarcasticamente apelidou o escritor Ruy Castro, nunca terminou. Nunca lhes apeteceu. Nem mesmo quando Gilberto Gil se fez à gravata em Brasília. Aquilo era tão-somente um preto de rastas aprumado com uma gravata. Aquele preto que Caetano tanto gosta.
O baiano explora-se, só mais uma vez, neste novo álbum. Ele, um melómano doentio, deixa-se levar pelo empirismo louco. Agarra nas guitarras rock de «Cê» e apura uma banda que dança melhor à segunda tentativa de disco em conjunto. Caetano substitui o violão tão próspero da última década e entrega-o à irreverência de uma turma comandada pela sensibilidade de Pedro Sá e Moreno Veloso.
O novo álbum acrescenta lirismo conceptual. Ou quase, que as coisas com Caetano nunca são definitivas. Além das tricas com Lobão («Lobão tem razão»), política distraída («A Base de Guantanamo»), e um piscar de olho a Aveiro («Menina da Ria»), «Zii e Zie» tem o Rio de Janeiro na frente da fotografia. Ele, o Rio, está lá todo. Do Leblon à Lapa. Do cosmopolita ao mestiço. Do Fassano de Ipanema ao Morro da Dona Marta. Entrem todos na festa, que Caetano agradece de bom agrado. Agradece e festeja. Engana e sorri. Canta e toca em Deus. O Tio Caetano (e as suas tias - «Zii e Zie», expressão retirada de uma tradução de um livro de Orhan Pamuk) quer consistência frágil para uma nova etapa. E quem não a percebe, então «Vocês não estão entendendo nada»!
Será de é desta que ele vem ao Funchal?

Artista: Caetano Veloso
Album: Zii e Zie
Data de lançamento : Abril 2009
Editora: Universal
Genero: MPB
Tempo total : 52'10''

Faixas:

1. Perdeu
2. Sem Cais
3. Por Quem?
4. Lobão Tem Razão
5. A Cor Amarela
6. Base de Guantánamo
7. Falso Leblon
8. Incompatibilidade de Gênios
9. Tarado Ni Você
10. Menina da Ria
11. Ingenuidade
12. Lapa
13. Diferentemente

Ligação para pré-escuta:

Estado Sonoro

Não esqueçam, se gostarem do que ouvem, ouçam, mas comprem:

Até já.

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